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Disfunção Temporomandibular

Disfunção Temporomandibular A dor orofacial apresenta alta prevalência na população, sendo causa de grande sofrimento para os pacientes. Além disso, pode resultar de patologias que põem em risco a vida do indivíduo. Daí a fundamental importância da participação do Cirurgião Dentista na prática de um processo diagnóstico adequado. Faz parte de um atendimento de qualidade prestado pelos profissionais das áreas de Saúde identificar a dor orofacial e encaminhar o portador à terapia apropriada com a celeridade exigida. O profissional que se dispuser a tratar esses pacientes deve conhecer profundamente o diagnóstico diferencial da dor orofacial e suas subclassificações, além de aplicar técnicas de controle dos sintomas com validação científica.

Segundo a Academia Americana de Dor Orofacial, a DTM é definida como um conjunto de distúrbios que envolvem os músculos mastigatórios, a articulação temporomandibular (ATM) e estruturas associadas. Os sintomas mais frequentemente relatados pelos pacientes são: dores na face, ATM e/ou músculos mastigatórios, dores na cabeça e na orelha. Outros sintomas relatados pelos pacientes são as manifestações otológicas como zumbido, plenitude auricular e vertigem.

Diagnóstico

O exame físico, constituído por palpação muscular e da ATM, mensuração da movimentação mandibular ativa e análise de ruídos articulares, quando executado por profissionais treinados e calibrados, é instrumento de grande validade no diagnóstico e na formulação de propostas de terapia, assim como de acompanhamento da eficácia dos tratamentos propostos.

No questionário de avaliação inicial da clínica odontológica, é importante a inclusão de algumas perguntas ligadas aos sinais e sintomas de DTM. A resposta positiva a uma dessas questões pode sinalizar a necessidade de avaliação completa por profissional especializado em DTM e Dor Orofacial:

  1. Você tem dificuldade, dor ou ambos ao abrir a boca, ao bocejar, por exemplo?
  2. A sua mandíbula fica "trancada", "presa" ou "cai"?
  3. Você tem dificuldade, dor ou ambos ao mastigar, falar ou ao usar os maxilares?
  4. Você nota algum ruído nas articulações da mandíbula?
  5. Normalmente você sente sua mandíbula cansada, rígida ou tensa?
  6. Você tem dor nas orelhas, têmporas ou bochechas?
  7. Você tem dores de cabeça, pescoço ou dor de dente com frequência?
  8. Recentemente você sofreu algum trauma na cabeça, pescoço ou mandíbula?
  9. Você observou qualquer alteração recente na sua mordida?
  10. Você já recebeu algum tratamento prévio para dor facial não explicada ou para um problema da articulação da mandíbula?

Etiologia

A tentativa de isolar uma causa nítida e universal da DTM não tem sido bem sucedida. Estudos recentes concluem que a DTM tem origem multifatorial. Faz parte de uma anamnese completa a identificação de fatores predisponentes (que aumentam o risco da DTM), fatores iniciadores (que causam a instalação das DTMs) e fatores perpetuantes (que interferem no controle da patologia).

Tratamento

Os avanços científicos nessa área de conhecimento exigem dos profissionais constante atualização. Terapias inadequadas podem gerar iatrogenias, permitir a cronificação da dor, além de induzir o paciente a acreditar, equivocadamente, que sua patologia deveria ser tratada por profissional de outra especialidade.

O objetivo do tratamento da DTM é controlar a dor, recuperar a função do aparelho mastigatório, reeducar o paciente e amenizar cargas adversas que perpetuam o problema.

A prática da Odontologia Baseada em Evidência (OBE) não ampara a prescrição de técnicas que promovem mudanças oclusais complexas e irreversíveis, como o ajuste oclusal por desgaste seletivo, terapia ortodôntica, ortopedia funcional, cirurgia ortognática ou técnicas de reabilitação oral protética no tratamento da disfunção temporomandibular. Com relação às cirurgias de ATM, é possível afirmar que são necessárias em alguns poucos casos específicos, tais como anquilose, fraturas e determinados distúrbios congênitos ou de desenvolvimento.

Dra. Silvana de Godoy Menezes
Graduada pela Universidade de São Paulo – USP
Especialista em Disfunção Temporomandibular - UNIFESP
Advanced Course in Orofacial Pain and TMD
University of Malmö (Suécia)